As memórias materializaram-se lentamente, como um borbulhar que emerge das trevas de um poço sem fundo.Uma mulher de véu.Robert Langdon fitou-a do outro lado de um rio cujas águas agitadas corriam rubras de sangue. A mulher estava de frente para ele na outra margem, imóvel, solene, de rosto velado. Na mão, segurava uma tainia azul, que erguia agora em honra do mar de cadáveres aos seus pés. O cheiro a morte pairava em todo o lado.Procura, sussurrou a mulher. E encontrarás.Langdon ouviu as palavras, como se ela as tivesse pronunciado dentro da sua cabeça.—Quem és tu? — gritou, mas não emitiu qualquer som.O tempo urge, sussurrou ela. Procura e encontrarás.Langdon deu um passo em direção ao rio, mas viu que as águas estavam tingidas de sangue e eram demasiado profundas para atravessar. Quando Langdon voltou a levantar os olhos para a mulher de véu, os corpos aos pés dela tinham-se multiplicado. Havia agora centenas deles, talvez milhares, alguns ainda vivos, contorcendo-se em agonia, a morrer de formas inconcebíveis... consumidos pelo fogo, enterrados em fezes, devorando-se uns aos outros. Conseguia ouvir os gritos lúgubres do sofrimento humano a ecoar através da água.A mulher moveu-se na sua direção, estendendo os braços esguios, como que a pedir ajuda.—Quem és tu? — gritou Langdon uma vez mais.Em resposta, a mulher ergueu as mãos e levantou lentamente o véu que lhe cobria o rosto. Era de uma beleza impressionante, se bem que fosse mais velha do que Langdon supusera — talvez já passasse dos sessenta anos, imponente e forte, como uma estátua intemporal. Tinha um queixo bem definido, olhos profundos e eloquentes e cabelo comprido cor de prata que lhe caía em caracóis sobre os ombros. Usava um amuleto de lápis-lazúli pendurado ao pescoço — uma cobra enrolada à volta de uma vara.Langdon sentiu que a conhecia... que confiava nela. Mas como? Porquê?
Comecei este livro um pouco de pé atrás, já que o anterior me tinha desiludido um pouco, ao tornar-se demasiado previsível e sem conseguir atingir-me com o fator surpresa dos primeiros. Mas rapidamente percebi que este Inferno tinha um pormenor que ia fazer toda a diferença e, assim, voltei a ficar presa ao livro até à última página.
O estilo característico de Dan Brown, tipo guião de filme, com capítulos curtos tem a brilhante característica de me deixar completamente viciada e nem as descrições, por vezes extensas (e que eu odeio em grande parte dos livros que leio), conseguem aborrecer-me!
Apesar de tudo, o fator surpresa de O Código DaVinci e de Anjos e Demónios continua bem presente e este Inferno ficou um bocadinho atrás...
este ano vou pegar nesse livro. Só espero que não desiluda, como o Símbolo Perdido.
ResponderEliminarbeijinhos