A cauda do cometa espraiava‑se pela madrugada, um corte vermelho que sangrava por cima dos penhascos de Pedra do Dragão como uma ferida num céu de rosa e púrpura.O Meistre estava em pé, na varanda varrida pelo vento, do lado de fora dos seus aposentos. Era ali que chegavam os corvos, depois de longos voos. Os excrementos das aves sarapintavam as gárgulas que se erguiam a uma altura de três metros e meio, de ambos os lados, um mastim do inferno e uma viverna, dois exemplares do milhar que cismava empoleirado nas muralhas da antiga fortaleza. Quando chegara a Pedra do Dragão, o exército de grotescas esculturas de pedra costumava deixá‑lo incomodado, mas com a passagem dos anos, fora‑se‑lhes acostumando. Agora, pensava nelas como em velhas amigas. Os três observaram juntos o céu, assaltados por pressentimentos.O Meistre não acreditava em presságios. E no entanto… apesar de ser tão velho, Cressen nunca vira um cometa com metade do brilho daquele, nem daquela cor, daquela cor terrível, a cor do sangue, da chama e dos ocasos. Perguntou a si próprio se as suas gárgulas já teriam visto algo de semelhante. Já ali estavam longo tempo antes de ele chegar, e ainda lá permaneceriam muito depois de partir. Se línguas de pedra falassem…
Depois de toda a acção dos primeiros volumes, com a apresentação dos personagens e os desenvolvimentos trágicos no final, as expectativas eram demasiado grandes. Apesar da escrita continuar soberba (algo a que George Martin nos habitua logo nas primeiras páginas) a acção torna-se um pouco mais lenta mas, na minha opinião, nem por isso menos merecedora da classificação de 5 estrelas...
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